Apresentação

O Grupo do Afeto, vinculado ao grupo de pesquisa ALLE/AULA, da Faculdade de Educação da Unicamp, constituiu-se no final da década de 90, do século passado. É formado por professores, doutorandos, mestrandos e alunos do curso de Graduação em Pedagogia. Tem como objetivos pesquisar, analisar e discutir os impactos afetivos produzidos pela mediação pedagógica, desenvolvida por agentes mediadores, como os pais e os professores, nas relações que se estabelecem entre o sujeito e o objeto de conhecimento.

Tendo como base as concepções de Vigotski e Wallon, os membros do grupo assumem, como pressuposto básico, a ideia de que a mediação pedagógica, além dos impactos cognitivos, pode produzir fortes impactos afetivos nas relações que se estabelecem entre os alunos e os conteúdos escolares. Os dados das pesquisas sugerem que histórias de mediação pedagógica, com impactos afetivos positivos, produzem um movimento de aproximação entre sujeito e objeto. Inversamente, um movimento de afastamento pode ser observado como consequência de uma história de mediação com impactos afetivos negativos.

Uma das linhas de pesquisa, desenvolvida pelos membros do grupo, teve como tema o professor inesquecível, cujos trabalhos iniciais foram realizados no início deste século. Tais estudos centraram-se na descrição e análise das práticas pedagógicas, desenvolvidas em sala de aula, por professores reconhecidos pela sua habilidade de promover a aprendizagem dos alunos e, simultaneamente, possibilitar uma aproximação afetiva entre os alunos e a referida disciplina.

Os dados sobre o professor inesquecível, em síntese, mostram que: a) tais profissionais desenvolvem uma prática pedagógica totalmente comprometida com o sucesso do processo de ensino-aprendizagem do aluno; b) demonstram uma relação de paixão com o que ensinam, sendo tal relação, frequentemente, identificada e apropriada pelos alunos; c) apresentam várias características positivas, apontadas pelos alunos, como acolhimento e postura crítica, entre outras.

Com o acúmulo dos dados das pesquisas, pode-se assumir que não é mais possível desenvolver um ensino de qualidade, sem que a questão da afetividade seja considerada como um dos aspectos centrais do processo. Tal questão torna-se fundamental na construção de uma escola inclusiva, justa e democrática.