Pedagogia da leitura parafrástica

Autor: ASSOLINI, Filomena Elaine P.

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 1999 Orientador: Leda Verdiani Tfouni

Foco Temático: Texto de Leitura em Circulação na Escola

Instituição: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP Cidade/Estado: Ribeirão Preto/SP

Descrição: Este estudo tenta mostrar o trabalho feito na escola, no que diz respeito à linguagem de forma ampla e à leitura de modo particular que mantém o aluno preso ao processo parafrástico de linguagem. Constatamos que o processo ensino-aprendizagem de leitura realiza-se a partir de condições de produção que produzem de antemão o aluno copista e reprodutor de sentidos considerados " legítimos" pela instituição escolar. Dessa forma, os sentidos aos quais o aluno pode ter acesso são aquelas pré-selecionados pelo aparelho escolar que, assim, opera a penetração de conhecimentos "legítimos", que são apresentados como "naturais", prontos, acabados, não sendo, portanto, passíveis de questionamento.Cumpre ressaltar a constatação de um esquema reprodutor ( Orlandi, 1998 ), pois conforme pudemos mostrar, o professor segue resignadamente as orientações teóricas e metodológicas, apresentadas pelos autores dos livros didáticos nos manuais de instrução. Dessa forma, tal qual o aluno, o professor é determinado, dito, falado, assujeitado, enfim. Destaquemos que a imagem que o professor tem de si mesmo é a de um profissional incapaz de questionar ou retrucar o que postulam os autores de livros didáticos. É nessa direção que procuramos explicitar que o livro didático assume as vestes de um discurso científico, constituindo-se, portanto, não um dos recursos pedagógicos dos quais o professor poderia valer-se em sua prática, mas sim o principal instrumento que lhe permite exercer a função de ensinar ( inculcar ). Assim, enquanto autoridade institucionalmente reconhecida a posição-professor impõe indiscriminadamente ao educando o que o livro didático traz impresso. Em decorrência disso, os gestos de leitura do aluno e do próprio professor movimentam-se somente em espaços de interpretação restritos e pré-direcionados. Como tivemos oportunidade de mostrar, os gestos de leitura do aluno restringem-se ao campo da repetição empírica e, em raros casos, ao campo da repetição formal.

Fonte: Tese