Anotações sobre leitura e nonsense

Autor: BASTOS, Lucia Kopschitz

Nível: Tese ( Doutorado ) Ano: 1996 Orientador: Maria Bernadete Marques Abaurre

Foco Temático: Sem foco

Instituição: Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP Cidade/Estado: Campinas/SP

Descrição: O que está em discussão nesta tese é a construção do sentido na leitura, discussão possibilitada aqui por uma das maneiras de se estudar o sentido, ou seja, perseguir justamente a sua falta. O nonsense é essencial à definição de sentido porque constitui a sua margem, o seu limite. Não há como definir um sem o outro: só se sabe o que é o sentido ao esbarrarmos em seus limites. Para que haja o nonsense é preciso que haja o sentido, mesmo que seja o sentido paradoxalmente posto em questão. Para que haja o que não é nonsense é preciso que haja, em algum lugar, o que é. O nonsense sempre se refere a um sentido ao qual não podemos nos reportar, não podemos recorrer. A investigação se dá, então, na natureza do que é negado. Por isso trabalhei aqui com dados indiciários e o que propus foi uma possibilidade de leitura nonsense. O capítulo que trata do nonsense mostra o quanto este efeito está calcado na forma que o texto tem. No capítulo sobre leitura levanto estudos que discutem a origem do significado: elenco desde autores que consideram que o significado de um texto está nele mesmo, a autores que postulam que este significado é dado pelo leitor. Faço ainda, em outro capítulo, um percurso por considerações acerca da leitura em língua estrangeira já que os dados com que trabalhei provêm dessa situação de leitura. Partindo de uma concepção dialógica da linguagem só é possível concluir que o sentido de um texto é resultado da leitura, resultado do trabalho que faz sobre o texto o leitor. Lendo, esse leitor circula dentro do universo de leituras possíveis determinado ao mesmo tempo por todas as outras leituras que se faça de um texto e por cada uma delas. Dentre essas possibilidades está a leitura nonsense. Nos dados analisados aqui não há um investimento para a criação proposital do efeito de nonsense. No entanto, é do efeito que causa um texto nonsense que se aproxima o efeito obtido na leitura dos trechos analisados. E é a leitura que instala essa aproximação. O que procurei fazer foi determinar os descaminhos da leitura trilhados pelo leitor sob análise.

Fonte: Catálogo online do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP