O ensino da leitura como reflexo de teorias lingüísticas de leitura: uma crítica

Autor: CASTRO, Sandra M. P. Ferreira

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 1989 Orientador: Rosemary Arroyo

Foco Temático: Texto de Leitura em Circulação na Escola

Instituição: Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP Cidade/Estado: Campinas/SP

Descrição: Este trabalho nasceu de uma preocupação em estudar a leitura no seu aspecto teórico e prático. Mais especificamente, preocupamo-nos em estudar como o ensino de leitura reflete e, com que conseqüências, as correntes teóricas de leitura desenvolvidas pela Lingüística. Entre os muitos aspectos que poderiam ser estudados sob o rótulo de "ensino de leitura", resolvemos nos deter na análise de três tipos de materiais usados no 1º grau (5ª a 8ª séries) e 2º grau, que, cremos orientam o trabalho do professor de Português em sala de aula: o Guia Curricular de Língua Portuguesa de 1975; as Propostas Curriculares de 2º grau (1978) e 1º grau (1987) e os Subsídios à Proposta de 78, fornecidos pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo; os livros didáticos de Língua Portuguesa; e as fichas de leitura presentes em alguns livros didáticos. A hipótese que orienta nosso trabalho é a de que, mesmo que haja correntes teóricas diferentes subjacentes aos três tipos de material, não haverá uma mudança efetiva no ensino de leitura, uma vez que todas as correntes teóricas têm os mesmos pressupostos. Segundo eles, o significado é estável e permanente, o que, inevitavelmente, leva-nos a considerar também o texto como algo estável no qual o significado é descoberto ou através do qual o significado é atingido no processo de leitura. A despeito da atuação maior ou menor do leitor, sugerida nas várias propostas, o texto é sempre apresentado como uma unidade formal com significado estável ou como uma unidade de comunicação de significado também estável. Nossa hipótese nasce do fato de enxergarmos a Leitura de maneira radicalmente diferente da veiculada nesse material. Em nosso ponto de vista, uma teoria de Leitura deveria preocupar-se em explicar como se dá a significação. Baseados na teoria textual do norte-americano Stanleu Fish (1980), julgamos que o significado de um texto não lhe é inerente, e sim socialmente determinado. O que determina a leitura que se faz de um texto não são os significados fixos que ele carrega, mas atividades interpretativas do grupo social que o lê. Procuramos mostrar que mudanças significativas no ensino da Leitura dependem de uma mudança nos pressupostos das várias correntes teóricas que orientam nosso ensino.

Fonte: Tese