Contar histórias e fazer uma arte: uma metodologia para a formação do leitor em início de escolaridade, segundo uma visão holística

Autor: CHIAVINI, Vera Lúcia Mello

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 1994 Orientador: Rosália Maria R. Aragão

Foco Temático: Análise do Ensino de Leitura e Proposta Didática

Instituição: Centro de Educação e Ciências Humanas, UFSCar Cidade/Estado: São Carlos/SP

Descrição: A pesquisa aqui apresentada sob o título Contar histórias e fazer arte: uma metodologia para a formação do leitor em início de escolaridade segundo uma visão holística apresenta e representa as reflexões e análise da pesquisadora sobre a sua trajetória de vida e de suas práticas como antiga professora primária e atual responsável pela biblioteca de uma escola pública, o que estabelece as bases para seus questionamentos a respeito das visões e postulados determinísticos e repressivos da escola, bem como para suas objeções a procedimentos de sala de aula igualmente coibitivos no que diz respeito às relações entre a alfabetização da criança e seu acesso à literatura. Desde o início de seu trabalho de gerenciamento da biblioteca escolar, verifica que é negado às crianças de 1ª série o acesso ao acervo da biblioteca, sob a alegação de seu analfabetismo; e que os alunos das séries subseqüentes por várias razões fazem pouco ou nenhum uso dos serviços da biblioteca, comportamento que a escola difusamente atribui à idéia de uma aversão pela leitura. Um projeto é proposto aos administradores e professores como meio de verificar se procedem os argumentos da instituição escolar, e de gerar possibilidades modificadoras. Mais tarde um projeto de pesquisa é elaborado com o objetivo de avaliar o esquema planejado. Uma revisão da literatura educacional, científica, histórica e mitográfica é usada de duas maneiras: primeiramente para uma descrição analítica da trajetória da pesquisadora como ser humano, mulher ocidental e professora primária, vítima/agente da repressão social; e, posteriormente, com o objetivo de interpretar uma categoria central de análise/explicação dos dados colhidos - repressão social. É verificado que esse exercício, estabelecido no processo de filogênese humana, tem-se reproduzido através da educação, da religião e do racionalismo, ao longo do processo ontogenético, fazendo emergir uma consciência cindida, autoritária, repressora, que atinge, principalmente, a mulher e o infante; e que a filosofia holística, ao se colocar contra tal paradigma, revela possibilidades de construção teórica e metodológica para sua mudança, através da valorização do lúdico na infância. Sobre esta base filosófica, a pesquisadora desenvolve o projeto de avaliação, com alunos de 1ª e 2ª séries, por um ano escolar completo, durante o qual os dados são coletados através de observação sistemática das crianças, entrevistas com as mesmas, questionários respondidos pelos pais e reuniões semanais com as professoras do Ciclo Básico. Os dados são analisados qualitativamente e sua interpretação sugere várias respostas aos questionamentos da pesquisa. A satisfação expressa pelas crianças - o prazer da leitura - e o apoio incondicional dos pais às práticas desenvolvidas se opõem às visões e postulados da escola: há evidência de que a chamada aversão pela leitura resulta das condições repressoras de aprendizagem e que a leitura da literatura acelera o processo através do qual as crianças adquirem os códigos escritos. O exame dos dados permite também atribuir a resistência dos professores a métodos inovadores às dificuldades geradas pela repressão social, da qual decorrem as dicotomias corpo/espírito e trabalho/prazer. Isto indica a necessidade de se recuperar o sentido de liberdade da criança arteira, bem como reativar o potencial criativo do trabalho docente. Recomendações são apresentadas relativamente a uma melhor e mais crítica formação de professores das séries iniciais de Primeiro Grau, e também quanto à inclusão de cursos/disciplinas sobre Literatura Infantil em programas de treinamento de professores e outros profissionais da educação. A pesquisa conclui pela necessidade de um novo paradigma para a educação, apresenta um modelo teórico-metodológico para atividades em sala de aula e oferece uma projeção otimista para o Terceiro Milênio.

Fonte: Tese