O uso de pistas grafo-fonéticas na aquisição de leitura e sua relação com conhecimento de letras, consciência fonológica e concepções de escrita

Autor: CORDEIRO, Maria Helena Vilares

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 1994 Orientador: Antonio Roazzi

Foco Temático: Desempenho/Compreensão de Leitura

Instituição: Departamento de Psicologia, UFPE Cidade/Estado: Recife/PE

Descrição: Neste estudo, examinamos 40 crianças da 1ª série de escolas públicas da Região Metropolitana de Recife em tarefas de reconhecimento de letras, categorização fonológica, escrita e identificação de palavras com base no uso de diferente pistas grafo-fonéticas, com o objetivo de:1-Verificar quais as pistas grafo-fonéticas mais utilizadas na identificação de palavras desconhecidas, por crianças em processo de alfabetização;2-Verificar-se, antes de concluírem o processo de alfabetização, as crianças podem buscar, em uma palavra conhecida, o valor sonoro de segmentos gráficos que desconhecem;3-Verificar qual a influência do conhecimento das correspondências letra-som e da capacidade de categorização fonológica no desempenho das tarefas de identificação da palavras desconhecidas e a relação entre esse desempenho e as concepções sobre a natureza do sistema de escrita.Observamos, que, antes que a criança seja capaz de utilizar as consoantes como pistas para a leitura de palavras desconhecidas, ela pode usar as vogais inicial ou final ou, até, seqüências de vogais e também as sílabas, sobretudo na posição inicial e que essas habilidades se desenvolvem antes que a criança tenha compreendido a natureza alfabética do sistema de escrita.Verificamos, também, que, mesmo as crianças que registram a escrita de acordo com um concepção silábica (usando a categorização proposta por Ferreiro e Teberosky, 1979) conseguem buscar, numa palavra conhecida as correspondências sonoras de segmentos que elas desconhecem, adotando, sobretudo, estratégias perceptuais, de ordem quantitativa: distribuição eqüitativa das letras da palavra conhecida em tantas partes quantas as encontradas na segmentação oral dessa palavra. Muito provavelmente, foi essa possibilidade de recorrerem ao apoio de uma palavra conhecida para tirarem conclusões sobre o valor sonoro dos segmentos que serviam de pista, a responsável pela fraca relação encontrada entre o domínio das correspondências som-grafia e o sucesso na tarefa de Identificação.Por outro lado, encontramos uma fraca influência da capacidade de categorização fonológica (categorização de palavras com base na identidade fonológica de um de seus segmentos) no uso de pistas grafo-fonéticas na identificação de palavras desconhecidas. Após terem sido removidos os efeitos das variáveis relativas aos dados dos sujeitos, resultados das tarefas de controle e reconhecimento do nome e do valor sonoro dos segmentos utilizados, observamos que a influência da capacidade de categorização fonológica na identificação de palavras só era significativa nas condições em que as pistas utilizadas eram a seqüência de vogais ou a sílaba central. Acreditamos que nossa tarefa de Categorização Fonológica, provavelmente, avaliava aspectos da capacidade de categorização fonológica diferente dos que parecem ser necessários para o sucesso na identificação da palavras desconhecidas.Finalmente, verificamos que, durante o amadurecimento da concepção silábica do sistema de escrita, existe um paralelismo entre a evolução da escrita, observada na produção de registros escritos cada vez mais próximos da escrita convencional e o aprimoramento das estratégias de leitura, revelado no uso bem sucedido de uma diversidade cada vez maior de segmento na identificação de palavras desconhecidas.

Fonte: Tese