Leitura, formação de leitores e Estado: concepções e ações ao longo da trajetória do Ministério da Educação 1930 - 1994

Autor: CUSTODIO, Cinara Dias

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 2000 Orientador: Maria do Carmo Lacerda Peixoto

Foco Temático: Texto de Leitura em Circulação na Escola

Instituição: Faculdade de Educação, UFMG Cidade/Estado: MG

Descrição: A questão que dá origem a esta investigação se refere à prática de leitura na sociedade brasileira como um privilégio. Num país em que os problemas de inserção no universo cultural letrado e de formação de leitores remetem ao modelo de colonização e desenvolvimento sócio-econômico, a promoção da leitura, enquanto problemática relacionada a grandes parcelas da população, é uma questão recente e decorre do fato de que a ampliação do acesso à escola não implicou, como se poderia supor, no aumento do público leitor numa proporção equivalente. Em meio a diversidades de enfoques possíveis para o tratamento da questão, esta pesquisa busca elucidar o processo de intervenção do Estado nesse campo, por meio da política educacional. Assim, esta investigação tem por objetivo analisar, na trajetória do Ministério da Educação, no período de 1930 1994, como a leitura e a formação de leitores tem se situado nos registros oficiais e quais concepções vem orientando suas ações nesse campo. O que se vê delinear a partir dessa análise, ao contrário da hipótese da ausência, é a existência, tanto nos períodos em que vigora o regime autocrático quanto democrático de governo, de um mesmo modelo de formulação política, marcada pela sucessão de atos governamentais de criação, redirecionamento, extinção e recriação de estruturas administrativas que vem ao longo do tempo se ocupando basicamente de mera distribuição de livros, sobretudo do segmento de didáticos que, por suas próprias funções específicas, apresenta limitações ao processo de formação do leitor. Por se tratar antes de uma política do livro do que de democratização da leitura, essa forma de intervenção contribui para perpetuar uma situação de exclusão e precário domínio do universo cultural letrado, e gera conseqüências negativas do ponto de vista de inserção e mobilização social e da participação política. Na ausência de demandas sociais significativas, as políticas para a área tendem a continuar sendo formuladas sem um planejamento para longo prazo, segundo os valores e concepções próprios de cada administração, como políticas de governo e não uma política de Estado.

Fonte: Tese