As estratégias de leitura em crianças recém-alfabetizadas

Autor: PEREIRA, Marisa de M. S. Bernardes

Nível: Tese ( Doutorado ) Ano: 1990 Orientador: Heyge Jurgen

Foco Temático: Desempenho/Compreensão de Leitura

Instituição: Instituto de Letras e Artes, PUC-RJ Cidade/Estado: Rio de Janeiro/RJ

Descrição: A partir de pressupostos teóricos da Psicolingüística no que concerne aos aspectos relativos à teoria da leitura e aos processos de reconhecimento da palavra, considerados do ponto de vista das estratégias de aquisição da leitura em crianças recém-alfabetizadas, nesta pesquisa foram analisados dados empíricos referentes a dois tipos de experimentos: leitura de palavras isoladas e leitura de palavras contextualizadas - leituras de textos. Foram identificadas três estratégias de leitura, quais sejam: tentativas de decodificação de palavras sem êxito, decodificação e leitura instantânea. Os resultados da análise dos dados sugeriram a confirmação das hipóteses verificadas, segundo as quais: 1) as relações grafofônicas diferenciadas - relações biunívocas, relações irregulares não associadas às características fônicas de leitores iniciantes e relações irregulares dependentes do socioleto não-padrão de leitores iniciantes - interferem no processamento da leitura; e 2) o processo de reconhecimento de palavras para leitores iniciantes se realiza através do componente letra associado à sua contraparte sonora. Primeiro, pôde-se constatar que as irregularidades nas relações som/letra representam uma barreira para a leitura de palavras, sendo que as inconsistências relacionadas às características fônicas da fala não-padrão do leitor iniciante dificultam mais a leitura do que aquelas que não estão associadas a essas características. A leitura de palavras cujas relações som/letra são biunívocas, embora não seja exclusivamente realizada de forma instantânea, se revela menos difícil do que a leitura de palavras com as irregularidades referidas. Segundo, pela comparação dos resultados sugeridos entre a leitura de palavras isoladas e contextualizadas, observou-se que não há diferenças significativas no uso das estratégias de leitura numa ou noutra condição de experimentação. Isto pôde ser interpretado como um sinal de que, no estágio de aquisição de leitura estudado, o contexto não exerce um papel facilitador para o processo de leitura. A decodificação, considerada através da manifestação de comportamentos de leitura que revelam o acesso ao significado da palavra, parece ser a estratégia mais saliente no estágio de aquisição estudado. Os resultados da análise dos dados sugeriram ainda que o uso da leitura instantânea foi decorrente da identificação rápida das correspondências som/letra e é possível até que da familiaridade do leitor com a palavra - embora tenha havido o cuidado de selecionarem-se palavras não familiares para os experimentos - ou a familiaridade com elementos iniciais, ou com a terminação da palavra. Terceiro, pôde-se observar que o processo de reconhecimento de palavras se dá através do componente letra associado aos dados fônicos.

Fonte: Catálogo Impresso da PUC-RJ