O número de argumentos novos na compreensão, na recordação e no tempo da leitura

Autor: MAGALHÃES, Maria Cecília C.

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 1980 Orientador: Mary A. Kato

Foco Temático: Desempenho/Compreensão de Leitura

Instituição: Instituto de Letras e Artes, PUC-SP Cidade/Estado: São Paulo/SP

Descrição: Este trabalho foi motivado por nossa preocupação em tentar resolver os problemas de nossos alunos quanto à compreensão e recordação da leitura. Desta forma, fizemos, inicialmente, várias pesquisas com atividades para levantar os possíveis fatores que interferem no entendimento e na lembrança do texto lido. Em todas as atividades realizadas, a densidade do texto demonstrou ser uma variável muito importante, por esta razão, decidimos nos ater a este aspecto, utilizando para seu estudo a teoria para representação do significado de Kintsch (1974) e a hipótese do autor sobre complexidade de processamento. A teoria de Kintsch assume que as unidades básicas do significado são proposições, isto é, expressões com palavras-conceito, uma das quais (a primeira) serve como predicado e as seguintes como argumentos, todas preenchendo um único papel semântico. O predicado estabelece uma relação entre os argumentos de uma proposição. Realizamos dois experimentos, utilizando em cada um dois textos com número controlado de palavras, que variavam quanto ao número de argumentos diferentes. No Experimento I, 27 estudantes de oitava série vespertina leram os dois textos. Após a leitura, foram divididos em duas turmas: A e B. A turma A fez uma paráfrase do texto lido logo após a leitura, enquanto a turma B a elaborou 20 minutos depois. Os textos foram lidos separadamente, com intervalo de dois dias. Do Experimento II participaram 26 sujeitos do mesmo grupo do experimento anterior. O processo para medir a compreensão diferiu do Experimento I. Usamos o teste "cloze" e medimos apenas a compreensão e o tempo de leitura. Utilizamos, como sujeitos, alunos da escola oficial de nível sócio-econômico médio e médio-baixo, em todas as atividades e experimentos. Todos os textos foram retirados de livros didáticos ou de livros para leitura extra-classe ou pesquisa. Nosso estudo confirmou parcialmente a hipótese de Kintsch, segundo a qual o número de argumentos novos em um texto é uma variável importante para a compreensão e recuperação do texto lido, bem como para o tempo de sua leitura. Dizemos que a hipótese foi apenas parcialmente confirmada, pelo fato de, em um dos experimentos, o texto com maior número de argumentos novos não ter apresentado, em média, diferença significativa na compreensão e no tempo de leitura, do texto com menor número de argumentos novos, devido à interferência do conhecimento do assunto pelo aluno e do aspecto motivacional - ter apreciado mais ou menos o assunto - que parece ter ajudado a leitura e a compreensão. Podemos sugerir, porém, que se as variáveis - conhecimento do assunto e motivação - tivessem sido controladas, a hipótese de Kintsch seria, certamente, confirmada plenamente.

Fonte: Tese