Silenciamentos produzidos em questões de leitura

Autor: MENDONÇA, Marina Célia

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 1995 Orientador: João Wanderley Geraldi

Foco Temático: Texto de Leitura em Circulação na Escola

Instituição: Instituto de Estudos da Linguagem, UNICAMP Cidade/Estado: Campinas/SP

Descrição: Nesta dissertação, analiso dois livros didátivos que realizam um trabalho com leitura. São livros considerados bons por professores e que se destinam principalmente a alunos de segundo grau. Parto da concepção de língua de Bakhtin e uso conceitos teóricos da Análise do Discurso francesa para fazer este estudo, enfocando o silenciamento de sentidos que é produzido nos exercícios de leitura desses livros - o que chamei de censura naturalizada de sentidos. Os leitores privilegiados (autores dos livros didáticos) produzem formas diferentes de silenciamento. O que convencionei chamar de formas de silenciamento 1 relaciona-se com a construção de relevâncias a partir da formulação de perguntas. Quando se desvalorizam - ou se negam - as opiniões pessoais e as experiências dos leitores iniciantes (alunos), quando se faz uma leitura tão dirigida que só interessam os sentidos desejados pelos leitores privilegiados, esforça-se em impor sentidos a textos. As formas de silenciamento 2 dizem respeito à cristalização de estrutura clichês de textos na prática escolar - através do esforço de imposição de estruturações, também se realiza um silenciamento de sentidos que seriam produzidos se elas fossem outras. As formas de silenciamento 3 procuram realizar uma (re)produção de identidades, negativas - incompetência, má capacidade de leitura - tanto no leitor iniciante quanto no leitor suposto não iniciante (professor). Desenvolvo, como conseqüência dos silenciamentos analisados, o jogo de imagens que constitui grande parte das condições de produção da leitura em contexto escolar. Imagens que colaboram mais para uma (re)produção de leituras do que para uma produção que dê ao heterogêneo espaço de surgimento.

Fonte: Catálogo Online do Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP