Representações sobre o comportamento de leitura de crianças e adolescentes na visão das mães

Autor: SANTOS, Patrícia Leila dos

Nível: Dissertação ( Mestrado ) Ano: 1993 Orientador: Zélia M. Mendes Biasoli Alves

Foco Temático: Leitor: Preferências, Hábitos, Representações e Histórias

Instituição: Centro de Educação e Ciências Humanas, UFSCar Cidade/Estado: São Carlos/SP

Descrição: Estudos recentes retratam uma preocupação com o tema da leitura, tanto no que se refere à formação do hábito, quanto à qualidade da leitura e à variedade de materiais disponíveis para ler e, ainda, à influência no processo de socialização. Este projeto começou a partir de um interesse em conhecer o contexto dos livros infanto-juvenis, pois no trabalho com crianças e adolescentes, eles são, com freqüência, utilizados como um recurso para facilitar a comunicação; entretanto, questões anteriores ainda exigiam resposta. Estruturou-se esta pesquisa visando descrever qual a visão que adultos socializadores têm do comportamento de leitura das crianças e dos adolescentes, incluindo: o que eles lêem, os motivos que levam a essa atividade, a participação do ambiente e a concepção que fundamenta as atitudes dos adultos. Para tanto, entrevistaram-se 45 mães de crianças e adolescentes que freqüentavam da pré-escola a oitava série - 5 de cada série - de escolas particulares de Ribeirão Preto, SP, segundo o Roteiro para Investigação de Comportamento de Leitura, especialmente preparado para esta pesquisa. As entrevistas foram realizadas nas residências dos sujeitos, gravadas e posteriormente transcritas na integra, e os dados qualitativamente analisados. Grande parte da amostra tinha nível universitário e trabalhava fora, predominantemente, em atividades ligadas à educação. A análise de seus relatos mostra que: 1) De forma geral, crianças e adolescentes lêem, na maioria das vezes, cumprindo exigências escolares; sua leitura produz outras atividades, que incluem o contar histórias, fazer comentários e pedir ajuda para tirar dúvidas; os livros infanto-juvenis e gibis são os materiais que mais se destacam. 2) Há uma linha evolutiva. À medida que a idade aumenta, diminui a freqüência da leitura, a variedade de atividades desencadeadas por ela, a diversidade de material procurado, aumentando, ao mesmo tempo, a procura de um lugar silencioso e tranqüilo para ler e o prazer do espaço para a obrigação. 3) O acesso ao material ocorre principalmente pela compra. 4) A família costuma incentivar a leitura de diferentes maneiras, como ler junto ou fornecer e indicar livros, revistas etc. 5) Comparando presente e passado, as mães consideram que atualmente a participação da escola é maior, há mais oportunidades para leitura e variedades de coisas para ler, mas elas percebem que o prazer e a espontaneidade estão sendo substituídos pela obrigação e exigências escolares. 6) A concepção de leitura dessa mães mostra a sua importância e reafirma que ela cumpre funções específicas como: transmissão de conhecimento, estímulos ao desenvolvimento intelectual e aquisição de habilidades (fala, escrita, criatividade). Discute-se a valorização da atividade como sinônimo de status social, buscando a relação disto com o papel da escola e da família no desenvolvimento do hábito de ler, refletindo sobre as alterações ocorridas ao longo do tempo com relação a esses papéis e a participação do livro e da leitura no processo de socialização das crianças e jovens.

Fonte: CD-ROM da UFSCar