Teses e Dissertações


O exercício da docência na perspectiva intercultural do Curso de Licenciatura Formação de Professores Indígenas da Universidade Federal do Amazonas

Tese
Autor: Fabiana de Freitas Pinto
Orientador: Ana Lúcia Guedes-Pinto
Data da Defesa: 09/12/2020
A presente pesquisa teve como objetivo principal problematizar o trabalho docente desenvolvido pelos professores formadores do Curso de Licenciatura Formação de Professores Indígenas da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas (FPI/FACED/UFAM). O referido curso surgiu de uma reivindicação inicial do povo Mura, do município de Autazes/AM, no ano de 2008 e conta, até o presente momento, com um universo de cinco turmas em processo de formação superior. O diálogo construído foi impulsionado pela pergunta: Como os professores formadores do Curso de Formação de Professores Indígenas têm exercido sua docência a partir do trabalho específico e diferenciado com os povos indígenas do Amazonas? Nesse caminho, a investigação tentou responder também as seguintes questões: a) Como se deu a escolha pelo exercício da docência com povos indígenas?; b) Quais os limites e as possibilidades do trabalho docente com os professores indígenas? e c) Ao exercer a docência num contexto específico e diferenciado, como tem sido voltar o olhar para sua própria formação?. Por meio de uma abordagem qualitativa, a pesquisa buscou contemplar em seu desenvolvimento, os desafios relacionados às atividades docentes no contexto da formação superior indígena através dos depoimentos dos entrevistados bem como dos temas que foram sendo suscitados no processo de coleta e escuta das narrativas. O grupo foi constituído por um total de doze professores, sendo oito do quadro efetivo do Departamento de Educação Escolar Indígena (DEEI) do curso e quatro colaboradores que atuaram, preferencialmente, por um período mais longo na formação dos graduandos indígenas. As entrevistas semi-estruturadas foram desenvolvidas a partir da perspectiva da História Oral, que se ancora nas fontes orais como forma de privilegiar o ponto de vista dos sujeitos que testemunharam os fatos históricos perseguidos pela pesquisa. Tal perspectiva, ao permitir nos aproximar das práticas docentes desenvolvidas por esses professores-formadores, nos ajudou na compreensão do amplo e complexo processo formativo no qual estão inseridos e também a nos aprofundar no princípio norteador das ações do curso, a interculturalidade, que focaliza, primordialmente, o diálogo com a diversidade de sujeitos e de saberes, buscando tornar a educação um processo cada vez mais humano, inclusivo e democrático.

Palavras-chave: Professores indígenas. Formação de professores. História oral. Ensino superior. Povos indígenas. Docência universitária. Interculturalismo.


Experiências formadoras e identidade profissional docente: um olhar situado no Pibid de Letras Inglês da Universidade Estadual do Piauí

Tese
Autor: Leonardo Davi Gomes de Castro Oliveira
Orientador: Ana Lúcia Guedes-Pinto
Data da Defesa: 12/11/2020
A investigação responde ao seguinte questionamento: Quais e como as experiências formadoras vivenciadas nos espaços de formação pelos alunos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), Subprojeto Inglês, da Universidade Estadual do Piauí, dos campi de Teresina, Piripiri e Parnaíba, impactaram o aprender a ser professor de Língua Inglesa? E teve os seguintes objetivos: 1. Delinear o perfil pessoal e acadêmico dos alunos participantes; 2. Apontar a motivação desses estudantes para a participação no Programa; 3. Conhecer e analisar de que forma as experiências formadoras proporcionadas pelo Pibid Inglês Uespi contribuíram para o aprender a ser professor de Língua Inglesa; 4. Identificar os aspectos que dificultaram e/ou facilitaram os processos de aprendizagem da docência dos discentes envolvidos com o Pibid Inglês Uespi; 5. Refletir sobre suas experiências formadoras no processo de constituição da identidade profissional e na produção de novos sentidos e significados sobre a profissão docente; 6. Compreender o potencial formativo da escrita (auto)biográfica, especificamente o Memorial de Formação, como um instrumento autoformativo. Para operacionalizar os objetivos, fizemos o uso das narrativas (auto)biográficas de onze participantes bolsistas dos subprojetos e campi citados. Do ponto de vista teórico-conceptual, a investigação enquadra-se na epistemologia qualitativa, seguindo os princípios e métodos da pesquisa (auto)biográfica. Como procedimentos de geração de dados, desenvolvemos o Ateliê (Auto)biográfico. Neste espaço foram utilizados os procedimentos Rodas de Conversa para mediar a escrita do Memorial de Formação. Nossas análises se estruturaram em três categorias: Tornar-se e Ser Professor: Aprender Fazendo; Ser professor de LI: do Verbo To be ao Rompimento com o tradicional, e o Papel intensificado pelo grupo: Eu-Tu-Eles = nós professores. No contexto analisado, observa-se que o Pibid Letras Inglês da Uespi constituiu-se como um espaço praticado de aprendizagem Profissional Docente e, por sua vez, a Escola, tendo em vista as ações que foram desenvolvidas pelo subprojeto, como o Lugar da(s) problemática(s) singular (es) da docência. Ao focar-se no processo de formação no Pibid, os participantes tiveram a oportunidade de praticar um exercício de tomada de consciência das itinerâncias e aprendizagens proporcionadas pelo Programa, incitados pelo movimento reflexivo incentivado pelo ato de narrar-se. Este movimento demarcou o potencial formativo da pesquisa (Auto)Biográfica, vislumbrando as teias dialógicas que ocorreram no mundo da escola e implicaram na formação desses discentes por meio do Pibid.

Palavras-chave: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Brasil). Formação de professores. Narrativas. Autobiografia. Identidade profissional.


Análise de uma intervenção pedagógica com um grupo de alunos em fase inicial de alfabetização

Dissertação
Autor: Monika Menezes da Costa Stefani
Orientador: Cláudia Beatriz de Castro Nascimento Ometto
Data da Defesa: 11/11/2020
Esta dissertação tem como objetivo compreender o processo de alfabetização de um grupo de crianças em fase inicial de escolarização a partir de minha intervenção pedagógica e com isso responder à seguinte questão de investigação: como crianças em fase inicial de alfabetização elaboram a escrita pela mediação sistemática da pesquisadora? Tendo em conta que a pesquisa considerou o processo de elaboração de escrita dos alunos no contexto de mediação simbólica e a alfabetização como processo discursivo, o trabalho ancora-se teoricamente na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano de Vigotski. Os encontros com as crianças que compuseram o grupo de alunos participantes da pesquisa aconteceram semanalmente em escola pública municipal da cidade de Capivari/SP. O grupo foi composto por 7 crianças do 1º ano do Ensino Fundamental. Os encontros foram audiogravados e, posteriormente, transcritos; também realizamos registros em diário de campo. As atividades pedagógicas de leitura e escrita foram assumidas como eixo norteador da pesquisa. A proposta que se apresentou na pesquisa foi de compreender o universo simbólico das crianças pesquisadas, para então compreender cada indivíduo. Foi uma parceria de colaboração entre professor e pesquisador, possibilitando interferências dos sujeitos no meio pesquisado, não limitando apenas aos aspectos teóricos ou burocráticos, mas às possibilidades de diálogos teórico-práticos. As análises nos permitem afirmar que as crianças participantes da pesquisa tiveram uma aprendizagem significativa a considerar a idade e série em que estão matriculadas. O processo de significação do conteúdo abordado, bem como as elaborações são próprias do período da aprendizagem escolar em que se encontram, não caracterizando assim nenhuma anormalidade em comparativo às demais crianças, no mesmo período e idade.

Palavras-chave: Alfabetização discursiva. Leitura. Linguagem. Mediação.


A escrita do professor sobre o texto do aluno : Notas de um duplo lugar

Dissertação
Autor: Tatiana Fadel
Orientador: Cláudia Beatriz de Castro Nascimento Ometto
Data da Defesa: 27/10/2020
Nesta pesquisa, propõe-se a análise dos comentários deixados nas provas de redação por professores do 4º ano de uma escola particular de Campinas, com o objetivo de investigar, sob a perspectiva bakhtiniana, as concepções de linguagem - especialmente os modos de interlocução - que podem ser vistas nestes textos que os professores escrevem para os alunos. Nos comentários, identifico o duplo lugar que o professor ocupa: o de parceiro/coautor/interlocutor do aluno, e o de corretor/disciplinador do texto. Esse duplo lugar decorre de uma contradição de discursos sobre práticas de escrita que circulam na escola e em documentos oficiais como os Parâmetros Nacionais Curriculares e a BNCC. Geraldi (1991) distingue entre "produção textual" e "redação": esta refere-se a textos produzidos para a escola; aquela, a textos produzidos na escola. Tal distinção fundamenta-se justamente em uma concepção bakhtiniana da linguagem como forma de interação, como campo de negociação de significados entre interlocutores, como atividade constitutiva do sujeito. Nessa concepção, para que um texto seja produzido em sala de aula, é necessário construir uma situação em que o aluno tenha algo a dizer, uma razão a dizer, um interlocutor para quem dizer; escolher estratégias para falar. A produção do texto é, portanto, um processo, no qual aluno-autor e professor-leitor, em interação, colaboram, dialogam, se questionam. Essa dinâmica, porém, se quebra durante os momentos de prova, quando o aluno, sozinho, escreve para a escola, sabendo que seu texto será avaliado e receberá uma nota. O professor, parceiro cotidiano no processo de edição e reescrita do texto, assume outro lugar: o de corretor, que julga o texto a partir de parâmetros estabelecidos externamente. A prova, por sua vez, se estabelece também,, como uma forma de controle do professor, de forma que os comentários deixados nas redações respondem também ao sistema escolar ¿ coordenação, direção e pais de alunos. O professor avalia e é avaliado, e seus comentários servem como justificativa para alunos, pais e para seu próprio trabalho. Essa mudança na posição interlocutória expõe uma contradição intrínseca ao trabalho docente no Brasil, e se manifesta nos comentários deixados pelos professores nas provas bimestrais, nas quais conseguimos perceber essa duplicidade. Os dados, bem como os comentários baseados em uma grade de correção interna, são analisados e categorizados usando a teoria dos gêneros do discurso de Bakhtin, conceitos da linguística da enunciação e estudos de Geraldi sobre textos na escola. A pesquisa buscou, assim, investigar como os comentários revelam a) a dinâmica de interação entre professor e alunos, b) quais seriam os novos interlocutores que se constituem nesses pequenos textos sobre textos e c) as estratégias de controle sobre a produção de professores e alunos e as consequentes formas de fuga elaboradas pelo professor.

Palavras-chave: Redação. Produção de textos. Correção de redação. Escrita. Avaliação. Formação de professores.


Os tempos e os espaços da leitura e da escrita na educação infantil

Dissertação
Autor: Mellina Silva
Orientador: Ana Lúcia Guedes-Pinto
Data da Defesa: 18/08/2020
Ler histórias, escrever bilhetes, produzir cartazes, listar itens, aprender uma nova letra de música, anotar uma receita, distribuir os crachás na roda da conversa, ordenar a rotina do dia, eleger o filme a ser assistido, acessar a internet e tantas outras práticas de letramento fazem parte do cotidiano das salas de Educação Infantil (EI). Esses encontros com a prática escrita conduzem crianças pequenas à compreensão do mundo letrado e ao início do processo de alfabetização. Este trabalho de pesquisa investiga, por meio da escuta de narrativas dos professores, quais os tempos e os espaços da leitura e da escrita em salas de EI, levando em conta as especificidades deste segmento e compreendendo a criança como um sujeito histórico, social e de direitos. Uma das referências com respeito às orientações de trabalho pedagógico na EI se baseia nas publicações oficiais que focam a Educação Básica. Neste contexto, o presente estudo dirige o olhar aos depoimentos dos professores sobre suas práticas em sala de aula em relação às demandas que as crianças levam para a escola e também às orientações sobre a rotina diária de trabalho, especificamente da alfabetização e do letramento. A fundamentação teórica consiste nos pressupostos da História Cultural, no entendimento de que as práticas socioculturais são construídas ao longo da história da humanidade, permitindo a problematização das apropriações, dos usos, dos reempregos e dos modos próprios dos fazeres no cotidiano de professores que, geralmente, são colocados à margem das discussões pedagógicas. Dessa maneira, ouviu-se seis professores que trabalhavam com crianças em idade pré-escolar, da região de Campinas, estado de São Paulo. Adotou-se como metodologia a História Oral, focalizando a escuta de suas narrativas sobre suas práticas pedagógicas de leitura e escrita com as crianças. As memórias pedagógicas foram cotejadas com os documentos oficiais que norteiam a Educação Infantil e com autores que tratam da inserção do sujeito em práticas sociais de uso de leitura e de escrita. O mergulho nas memórias dos professores oportunizou a aproximação de suas elaborações conceituais acerca de seus modos do fazer pedagógico junto aos pequenos, o conhecimento e reconhecimento de práticas pedagógicas sobre a língua escrita, que ficam muitas vezes escondidas, por permearem um campo polêmico no campo da Educação Infantil.

Palavras-chave: Educação infantil. Alfabetização. Letramento. História oral. Prática pedagógica.


Afetividade e o ensino de matemática: a prática pedagógica de uma professora dos anos iniciais

Dissertação
Autor: Valéria de Araújo Lima
Orientador: Sérgio Antonio da Silva Leite
Ano da Defesa: 2020
O presente trabalho tem como objetivo identificar aspectos da prática pedagógica de uma professora de matemática que podem ser considerados facilitadores do processo de aproximação afetiva entre os alunos e os conteúdos da matemática. Partindo de uma perspectiva monista de ser humano, utiliza como aporte teórico da Psicologia as contribuições de Vigotski e Wallon. Entende que a relação de ensino é sempre mediada, sendo o professor o principal agente mediador deste processo na sala de aula, e que a mediação pedagógica feita por ele sempre produz diferentes impactos nos estudantes, dentre eles, os de natureza afetiva. Quando os impactos afetivos positivos predominam, produzem o movimento de aproximação entre os alunos (sujeitos) e os conteúdos, incluindo os da matemática aqui estudados (objeto do conhecimento); porém, quando negativos, produzem o movimento de afastamento afetivo. Os dados, construídos via sessões de observação, entrevistas e autoscopia, permitiram a construção dos seguintes núcleos: Postura docente, Estratégias de Ensino, Diálogo, Escuta do raciocínio do aluno, Exercícios e Resoluções, Resolução de dúvidas e Avaliação. Estes núcleos, com seus respectivos subnúcleos, permitiram caracterizar a prática pedagógica da professora e compreender os impactos que esta prática produziu na relação entre os alunos e os conteúdos abordados em sala de aula.

Palavras-chave: Afetividade. Matemática - Estudo e ensino. Mediação pedagógica.


Afetividade e Subjetividade : A construção de sentidos na educação de jovens e adultos

Tese
Autor: Daniela Gobbo Donadon
Orientador: Sérgio Antonio da Silva Leite
Ano da Defesa: 2020
Esta pesquisa, desenvolvida entre os anos de 2015 a 2020, financiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, processo no 2015/05237-4), propôs-se a estudar como os impactos afetivos produzidos por práticas pedagógicas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) são internalizados nas zonas de sentido, construindo novos significados e modificando a identidade subjetiva de estudantes adultos em processo de alfabetização. O trabalho de pesquisa neste campo foi iniciado durante a graduação, com IC (Iniciação Científica) e TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), e aprofundado no mestrado; tais pesquisas foram desenvolvidas na Faculdade de Educação da UNICAMP, ambas com financiamento da FAPESP. No doutorado, a pesquisa identificou a repercussão da construção de novos sentidos e significados decorrentes do processo de inserção nas práticas sociais de leitura e escrita, resultando em novas constituições subjetivas para adultos. Tomou por base a teoria histórico-cultural, pautando-se em dois conceitos importantes de Vigotski (1998) ¿ sentidos e significados ¿ delineando uma compreensão da forma como a afetividade integra-se ao processo de desenvolvimento humano, principalmente na construção dos sentidos, individuais e únicos para cada pessoa, constitutivos da sua identidade subjetiva, impactando nos significados, socialmente compartilhados. Pautou-se, ainda, nas contribuições de Wallon (1968) para o estudo da dimensão afetiva humana. A coleta de dados foi baseada na metodologia qualitativa, com a realização de entrevistas e com o procedimento de autoscopia, no qual o sujeito confrontou-se com sua imagem videogravada e foi incentivado, pela pesquisadora, a verbalizar sobre os sentimentos vivenciados na situação em tela, gerando os dados primários. Tais dados foram transcritos e agrupados em núcleos de significação, identificando os diversos sentidos construídos pelos sujeitos no processo vivenciado. A pesquisa discutiu como a construção de novos sentidos e significados, para adultos em processo de alfabetização, resulta em uma compreensão de si como sujeitos ativos e capazes, tornando-os fatores potenciais de transformação em suas comunidades. O estudo afirma sua relevância social por corroborar com concepções que defendem a EJA como instrumento de mudança de uma realidade social injusta.

Palavras-chave: Afetividade. Alfabetização de adultos. Subjetividade. Psicologia do adulto. Teoria histórico-cultural.


"Congresso de Leitura do Brasil (1978-1987): espaço de formação"

Tese
Autor: Renata Aliaga
Orientador: Lilian Lopes Martin da Silva
Ano da Defesa: 2020
Nosso tema de interesse é a formação de professores. Nesse sentido, essa pesquisa elegeu os Congressos de Leitura do Brasil (Coles), como objeto de investigação. Partimos do pressuposto de que os Coles se constituíram, ao longo dos quarenta anos de sua realização, num importante espaço de formação dos profissionais do ensino, especialmente os professores. O acervo histórico dos congressos, atualmente disponível no Centro de Memória da Educação da FE/Unicamp, possibilitou que a pesquisa buscasse, em sua documentação, especialmente naquela gerada no período de 1978 a 1987, período em que um mesmo grupo assumiu a direção da ALB, indicadores da intenção de seus organizadores de fazer desse evento um espaço e um tempo de formação. Ao mesmo tempo, recolhemos depoimentos de participantes dessas e outras edições do evento, no intuito de conhecer suas percepções em relação ao congresso. Promovidos pela Associação de Leitura do Brasil (ALB), entidade criada em 1981, cuja sede é na Faculdade de Educação da Unicamp, os Coles constituem uma das ações mais vigorosas da entidade estando hoje em sua 21.ª edição. Essa investigação integra o projeto "ALB: Memórias", que vem sendo realizado por docentes do Grupo de Pesquisa Alfabetização, Leitura e Escrita/Trabalho Docente na Formação Inicial (ALLE/AULA), da Faculdade de Educação da Unicamp e contribui com os esforços de tecer uma história da leitura no Brasil. Tem como aporte teórico/metodológico os referenciais de Nóvoa (1991, 2013, 2017), Chartier (1990, 1991, 1996), Certeau (1998, 2002) entre outros.

Palavras-chave: Congresso de Leitura do Brasil (COLE). Associação de Leitura do Brasil. Leitura. Formação de professores. Memória


Motivos para a leitura no Ensino Médio : Os desafios do trabalho com literatura

Dissertação
Autor: Paula Crepaldi Campião
Orientador: Ezequiel Theodoro da Silva
Ano da Defesa: 2020
O presente estudo tem como objetivo compreender o olhar dos alunos sobre os papéis assumidos pelos textos literários nas aulas de língua portuguesa do Ensino Médio. Para tal, considerando que a função social e humanizadora da leitura literária pode ser potencializada pelo trabalho pedagógico realizado na escola, fez-se uma investigação com turmas do 2º ano do Ensino Médio de uma escola estadual localizada na cidade de São Paulo. Os dados coletados através de questionários sobre hábitos e motivação para a leitura (WIGFIELD; GUTHRIE, 1997; MATA et al, 2009) foram analisados quantitativa e qualitativamente em paralelo às orientações e diretrizes elaboradas pela esfera pública, que legitimam a presença e o papel da leitura literária nas aulas de língua portuguesa como eixo central da formação de leitores, frente à proposta classificatória e objetiva das avaliações de ingresso às universidades, que aferem competências julgadas como essenciais à admissão, permanência e graduação dos alunos no nível superior através da verificação de leitura de obras literárias, em sua maioria canônicas (BLOOM, 1995; CALVINO 2002), divulgadas de antemão pelas instituições. Desse modo, é central a ideia da literatura enquanto direito (CANDIDO, 1995, 2000) e do texto enquanto entidade aberta ao diálogo (BAKHTIN, 1997, 2006), assim como os apontamentos de Lajolo e Zilberman (1999) sobre a formação da leitura no Brasil, e Cereja (2004) e Leahy-Dios (2004) sobre a especificidade da literatura e da formação de leitores no Ensino Médio junto aos entraves dos vestibulares. As conclusões indicam que a fruição e a subjetividade da leitura literária são negligenciadas a partir do momento em que o trabalho com a literatura adquire na escola características não-literárias, pautadas no objetivismo e utilitarismo, frequentemente validados pelos formato dos exames vestibulares.

Palavras-chave: Ensino médio. Leitura. Literatura.


(Re)Descobrindo o prazer em ler: o incentivo à prática de leitura entre estudantes do Ensino Fundamental 2.

Dissertação
Autor: Thais Batista Siqueira
Orientador: Ezequiel Theodoro da Silva
Ano da Defesa: 2020
Considerando a importância da leitura para o desenvolvimento de competências de letramento, para o exercício da cidadania e constituição do humano, o objetivo desta dissertação foi o de compreender as relações dos adolescentes dos anos finais do Ensino Fundamental 2 com as práticas de leitura e verificar se ações pautadas no protagonismo juvenil promovem uma (re)aproximação entre ambos. Os estudantes de 9º ano foram escolhidos pelo fato de ser o período no qual as pesquisas Retratos da Leitura no Brasil mostram uma queda no gosto pela leitura. Adotamos como referencial teórico os trabalhos de Calligaris (2013), Becker (2003), Ozella (2003), Castrillón (2011), Martins (1990), Petit (2008; 2009; 2013) e Butlen (2015), os dados produzidos pela série de pesquisas Retratos da Leitura e artigos, teses e dissertações que tivessem como focos os anos finais do ensino fundamental, protagonismo juvenil, adolescência e leitura. Para esta investigação, utilizamos a abordagem qualitativa (estudo de caso), sendo os dados de campo obtidos através da observação de aulas de uma turma de 9º ano em sala de leitura de escola municipal da cidade de São Paulo, produção textual realizada pelos estudantes e entrevistas. A professora de Sala de Leitura também foi entrevistada e sua fala colocada em diálogo com as dos adolescentes. A análise dos dados levou a concluir que as ações baseadas no protagonismo juvenil favorecem a relação dos adolescentes com a leitura, dada a existência de espaço de escuta e acolhimento de suas reivindicações. Percebemos que há um distanciamento entre as práticas de leitura dos adolescentes e as realizadas pela escola, o que afasta uma parte dos estudantes da leitura. Este distanciamento é diminuído devido ao diálogo permanente entre as bibliotecas dos adolescentes e a da POSL. Os dados apontam, ainda, uma trilha de investigação que sugere a importância do vínculo com um mediador, destacado por Michelle Petit em suas pesquisas.

Palavras-chave: Práticas de leitura; Protagonismo juvenil; Ensino Fundamental 2; Adolescência.