Teses e Dissertações


Interlocuções no contexto de pesquisa com professoras iniciantes em turmas de alfabetização

Dissertação
Autor: Daniele Aparecida Biondo Estanislau
Orientador: Cláudia Beatriz de Castro Nascimento Ometto
Data da Defesa: 17/12/2019
Esta pesquisa tematiza as dificuldades enfrentadas pelos professores que iniciam a docência em turmas de alfabetização, assumindo a responsabilidade de iniciar na docência e de alfabetizar iniciando a docência e como acontece a mobilização dos conhecimentos na busca de práticas pedagógicas em favor da formação do sujeito leitor. Assumem-se epistemologicamente como referencial teórico-metodológico as perspectivas histórico-cultural de desenvolvimento humano elaborada por Vigotski (2000) e a enunciativo-discursiva desenvolvida por Bakhtin (1999, 2003). A pesquisa teve como objetivo compreender as inquietações e as reflexões das professoras que iniciam nas turmas de alfabetização a partir das interlocuções produzidas nos momentos de orientação de estudos, conversas e escuta no contexto de pesquisa, a fim de responder à seguinte questão de investigação: como as professoras iniciantes nas turmas de alfabetização vão sendo afetadas pela mediação da pesquisadora, a partir de suas inquietações, no processo de reflexão acerca da própria experiência? Os encontros foram realizados individualmente com oito professoras iniciantes em turmas de alfabetização da rede municipal de Capivari/SP, nos momentos destinados a estudos em suas respectivas unidades escolares. A pesquisa contribuiu para o desenvolvimento profissional das professoras iniciantes envolvidas na medida em que possibilitou refletir sobre as práticas de ensino mobilizadas com suas turmas de alfabetização.

Palavras-chave: Alfabetização. Formação de professores. Professor iniciante.


Práticas pedagógicas e instâncias formativas : Teoria e prática no trabalho docente

Dissertação
Autor: Gilka Fornazari Batista
Orientador: Ana Lúcia Guedes-Pinto
Data da Defesa: 05/02/2019
Este estudo tem por objetivo analisar, por meio de seus dizeres, as relações que quatro professoras entrevistadas estabelecem entre suas práticas pedagógicas no ensino da Língua Portuguesa, em especial no Ensino Fundamental I, e suas instâncias formativas. As professoras foram indicadas para a entrevista por ex-Orientadoras de Estudo (OEs) dos programas de formação de professores Pró-Letramento e Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), nos quais ocupei a função de formadora entre os anos de 2012 e 2014. Assumindo a perspectiva teórico-metodológica da História Oral, as entrevistas são concebidas como produção de narrativas, as quais resultam de um duplo trabalho: tanto da memória, em conferir inteligibilidade ao passado, quanto da linguagem, em organizar, a partir da seleção e da exclusão, um relato a respeito do vivido. Além disso, as entrevistas são consideradas, sob essa perspectiva, como um momento de produção dos dados em coautoria: pesquisadora e pesquisadas, a todo o tempo, interferem direta e indiretamente no discurso umas das outras, a partir dos lugares sociais que ocupam. Dessa forma, a concepção dialógica da linguagem, a partir de Bakhtin, também é assumida, tanto no planejamento e realização das entrevistas como na análise dos dados gerados. Algumas considerações que se podem apontar são que, a partir dos enunciados analisados, a formação continuada e a própria prática (entendida também como experiência) são vistas como instâncias privilegiadas de formação pelas professoras, assim como, com menor ênfase, as experiências como alunas na infância. A partir das perguntas da entrevista, sugerem-se algumas relações entre teoria e prática nos enunciados analisados: questiona-se o caráter teórico da formação inicial nos cursos de Pedagogia e indicia-se que seja a prática, com seus desafios e demandas concretas, a grande responsável pela busca de explicações e superação das dificuldades cotidianas, também através da participação em cursos de formação continuada e de pós-graduação. Nesse sentido, cabem sugestões em direção à superação da tradicional dicotomia e da hierarquização entre teoria e prática, tais como a reformulação dos catálogos dos cursos de Pedagogia, enfatizando idas às escolas desde o início da graduação e não apenas nas disciplinas de estágio; e a criação de iniciativas de formação continuada de longo alcance, que sirvam de acompanhamento à atuação docente.

Palavras-chave: Formação de professores. Prática docente. Memória. Narrativas pessoais. Formação continuada de professor


Afetividade e ensino da língua inglesa: um olhar para as práticas pedagógicas

Dissertação
Autor: Isabela Ramalho Orlando
Orientador: Sérgio Antonio da Silva Leite
Ano da Defesa: 2019
Esta pesquisa teve como objetivos identificar e analisar práticas pedagógicas de um professor que possam ter contribuído para a aproximação dos estudantes com a língua inglesa, considerando-se que este movimento engloba, simultaneamente, conteúdos afetivos e cognitivos. A pesquisa fundamenta-se em teorias da área da Psicologia, principalmente nas ideias de Vigotski (2007, 2009) e de Wallon (1979,1995). Assume-se que o processo de apropriação do conhecimento pelo estudante envolve não somente aspectos cognitivos, mas também afetivos, sendo estas dimensões indissociáveis. Este processo, em sala de aula, é mediado, principalmente, pelo professor e a qualidade da mediação tem implicações nas relações que se estabelecem entre sujeito e objeto de conhecimento. A pesquisa, de caráter qualitativo com características etnográficas, foi realizada em um centro de línguas de uma universidade pública. A coleta de dados foi realizada por meio de sessões de observação e videogravação das aulas, acompanhadas de minientrevistas com os alunos e de anotações em diário de campo. Além disso, foi realizada uma entrevista com a professora, a fim de conhecer sua trajetória acadêmica e profissional e suas concepções acerca da educação. A análise de dados agrupou as diferentes atividades de ensino propostas pela professora. Desta forma, os resultados descrevem, em detalhes, estas atividades de ensino, relatando como elas eram conduzidas pela professora, bem como as formas de participação dos estudantes. Além disto, são apresentadas as percepções dos estudantes sobre as atividades, obtidas por meio das minientrevistas. Os resultados indicam a ampla variedade de atividades propostas pela professora como traço marcante de sua prática pedagógica, sendo que esta característica possibilitou que os estudantes, mesmo que tivessem diferentes necessidades e expectativas, se engajassem com o curso. A discussão dos resultados aponta também as implicações das relações que constituem a sala de aula: professora-estudantes; estudantes-estudantes; professora-língua inglesa. Tais relações determinam a qualidade das relações que os estudantes estabelecerão com o objeto de conhecimento, no caso, a língua inglesa. Tomando-se a mediação como pressuposto teórico, a pesquisa dá indícios sobre como a relação sujeito-objeto é mediada, indicando a diversidade dessas formas de mediação na sala de aula observada, reafirmando-se a importância deste processo para construção das relações entre sujeito e objeto-as quais envolvem afeto e cognição simultaneamente.

Palavras-chave: Afetividade. Mediação. Língua inglesa - Ensino. Língua inglesa - Estudo e ensino.


A organização do trabalho coletivo na escola : Fatores que facilitam ou dificultam o processo

Tese
Autor: Andréa Maria Martins Chiacchio
Orientador: Sérgio Antonio da Silva Leite
Ano da Defesa: 2019
A presente pesquisa analisou o contexto da organização do trabalho escolar de uma instituição escolar pública, na rede estadual do município de Poços de Caldas, Minas Gerais, com o foco nas condições coletivas, nas políticas educacionais, no papel desempenhado pela gestão e supervisão. Teve por objetivo a identificação dos fatores que podem facilitar ou dificultar o trabalho coletivo desenvolvido pelos agentes educacionais. Utilizou a Pesquisa Qualitativa, especificamente a abordagem da Etnografia em educação. As professoras, a diretora, a vice-diretora e a supervisora pedagógica dos anos iniciais do Ensino Fundamental foram os sujeitos selecionados. As bases teóricas utilizadas abrangem as ideias de autores como: Heloani (2003, 2018), Heloani e Piolli (2010, 2012, 2014) e Oliveira (2004, 2009, 2010,), que analisam a organização escolar no âmbito das políticas e da sociedade capitalista, desvendando as condições e consequências para trabalhador docente. O trabalho coletivo abrange as contribuições da abordagem Histórico-Cultural de Vigotski (2008) e Clot (2006a, 2006b, 2006c, 2008), que contemplam a atividade laboral como fundamental para evolução humana, entendendo o homem como um ser essencialmente social. A análise e discussão de dados permitiu interpretar que muitos fatores do cotidiano podem ao mesmo tempo dificultar ou facilitar o trabalho coletivo. Os objetivos comuns, o projeto global da escola, as reuniões pedagógicas, características das professoras e os cursos de formação, são fortes indícios de que há um caminho coletivo se desenvolvendo. No entanto, algumas questões precisam ser superadas, como por exemplo, o quadro precário indicado pela rotatividade, pela sobrecarga, pelas condições inadequadas, pelo excessivo controle burocrático e também pelo trabalho fragilizado da diretora. Entende-se que há a necessidade de incentivar os pontos positivos que anunciam o trabalho coletivo, assim como proporcionar uma formação mais consciente na escola, ressaltando os condicionantes da organização do trabalho escolar na sociedade capitalista contemporânea para que os sujeitos possam buscar uma forma mais adequada de estruturar o trabalho coletivo e democrático. Os resultados da pesquisa podem contribuir para a reflexão e problematização de questões sobre a organização do trabalho escolar, além de destacar as ações que facilitem o coletivo no interior das escolas.

Palavras-chave: Trabalho coletivo. Educação - Escolas - Organização e administração. Escolas - Organização e administração. Educação e Estado.


Modos de ensinar a ler e a escrever: alfabetização como uma prática cultural

Tese
Autor: Mariana Bortolazzo Prezutti
Orientador: Norma Sandra de Almeida Ferreira
Ano da Defesa: 2019
Assumindo como linha argumentativa a compreensão da alfabetização como uma prática cultural, este trabalho, tendo como referencial teórico-metodológico os estudos da História Cultural, buscou relatar e analisar a prática docente de uma professora alfabetizadora que é considerada representativa da comunidade da qual participa. Por meio de pesquisa de campo realizada no ano de 2016, foram reunidos materiais escolares, cenas de aulas registradas em caderno de campo e diálogos com a professora que se constituíram como fontes materiais da pesquisa, configurada como um estudo de caso. O objetivo foi investigar como as práticas docentes cotidianas se constituem em sua capacidade inventiva de produzir sentidos na tensão entre o que aos professores é destinado e o que eles realizam em sua sala de aula. Assim, o par "disciplina e invenção", juntamente com os conceitos de representação, apropriação e práticas culturais trabalhados por Chartier (1990; 1996; 2004), bem como "táticas e estratégias", memória, relato, operações e ocasião, de Certeau (1985; 2011; 2012) foram essenciais para produzir uma "leitura" analítica da prática docente mais relacionada ao ensino da escrita no 1º ano do Ensino Fundamental. Para tanto, foi necessário recuperar alguns elementos da história da alfabetização no Brasil - de forma sintética mas organizando cronologicamente as disputas entre métodos para alfabetizar, distinções e concepções de alfabetização e letramento e as propostas dos programas de formação de professores - que sinalizam a existência de permanências e rupturas de discursos, propostas, definições e orientações para o trabalho com a alfabetização escolar. Na relação entre os elementos disciplinadores e a atuação singular da professora, buscamos compreender como as práticas inventivas são constituídas a partir das bricolagens dos diferentes saberes - vindos da tradição escolar vividos pelos professores enquanto alunos e depois como professores; das formações inicial e continuada; das representações sociais e culturais da imagem do professor; dos sentimentos mobilizados na ação docente; nas trocas entre os pares, entre outros. Percebe-se um hibridismo nos discursos e nas práticas da professora sugerindo que as permanências e rupturas são apropriadas de forma singular pela docente - e pelos demais professores - compondo o que se entende por prática de alfabetização. Entendendo-a - a alfabetização - como uma prática cultural, assume-se que é acessada pelas representações que norteiam os modos de relação com a sociedade e os com objetos culturais ao mesmo tempo em que os sujeitos são guiados pelas singularidades em uma constante produção de sentidos marcados e situados historicamente. Autores como Roger Chartier (1990; 1996; 2004), Anne Marie Chartier (1998; 2009; 2012), Certeau (2011; 2012), Geraldi (2003; 2010; 2011), Mortatti (2000; 2004; 2010; 2013) e Smolka (2008) são os principais referenciais que orientaram a realização da pesquisa e das análises.

Palavras-chave: alfabetização; prática cultural; professores alfabetizadores; cotidiano escolar.


“POSSO DAR UMA IDEIA? CADA UM PEGA O LIVRO QUE QUER...” : SOBRE A FORMAÇÃO DE LEITORES NA SALA DE LEITURA

Dissertação
Autor: Ana Carolina Carvalho
Orientador: Lilian Lopes Martin da Silva
Data da Defesa: 20/11/2018
Esta pesquisa procurou investigar o jovem leitor, considerando suas experiências de formação em uma Sala de Leitura de uma escola da rede municipal de São Paulo, SP, e no bairro em que vive. Os dados foram gerados a partir de um conjunto de observações e entrevistas-conversas com grupos de alunos e profissionais da escola, assim como de registros e visitas a outros locais do bairro. As práticas vividas, relatadas e registradas foram discutidas levando em conta algumas reflexões do campo, as orientações do Programa de Sala de Leitura da Prefeitura de São Paulo, as formações voltadas para os para os professores orientadores dessas salas e as representações de leitor literário que circulam nesses lugares. O trabalho apoiou-se em contribuições da História Cultural, especialmente em Roger Chartier, cujas investigações sobre o livro, as práticas de leitura, os leitores e a História da Leitura inspiraram nossas discussões. Assim como ele, também: Britto (2008, 2011, 2013), Petit (2008), Silveira (1991, 2007), Certeau (1994, 2012), Canclini (2008) Sibilia (2012). 

Palavras-chave: Jovem leitor. Leitura na escola. Sala de leitura prefeitura municipal de São Paulo.


A sala de aula como espaço de interlocução e produção de sentidos

Dissertação
Autor: Giovana Tolesani Camargo Barbosa
Orientador: Ana Lúcia Guedes-Pinto
Data da Defesa: 26/06/2018
Esta pesquisa buscou problematizar as relações que se estabelecem na sala de aula, procurando encontrar indícios dos sentidos produzidos pelos sujeitos sociais (professora e alunos) nas interlocuções cotidianas. O entrecorrer desse processo fomentou indagações acerca das condições de produção desses sentidos, no contexto em questão. Diante dos episódios registrados por mim, do lugar social de professora do 5º e 3º ano do Ensino Fundamental, respectivamente, entre os anos de 2016 e 2017, deparei-me com situações que, ao serem intercruzadas com estudos de Vigotski, Bahktin e Certeau, suscitaram questionamentos acerca dos sentidos produzidos pelos alunos nas diversas situações de aprendizagem que ocorrem na sala de aula, bem como suas formas de elaboração e apropriação do saber historicamente acumulado. Nesse processo, o caderno de registros se configurou como um instrumento de pesquisa e também uma ferramenta de trabalho, pois possibilitou a ressignificação de minha prática. Passei a priorizar, no trabalho pedagógico, situações como as de leitura, principalmente de literatura, nas quais sentidos pudessem circular mais livremente e as crianças, de certo modo, tivessem liberdade para produzir novos significados às situações cotidianas. Dessa maneira, a interação com os alunos indicava, ao mesmo tempo, caminhos para que pudesse buscar novas formas de mediar a relação deles com os conteúdos culturais e, paralelamente, os estudos de Bakhtin, Vigotski, Certeau e outros autores da perspectiva Histórico-Cultural, redirecionavam o modo como me relacionava com a prática pedagógica.

Palavras-chave: Ambiente de sala de aula. Ensino. Sentidos e sensações. Leitura.


Leitura e corpo em reverberação

Tese
Autor: Rosana Baptistella
Orientador: Norma Sandra de Almeida Ferreira
Ano da Defesa: 2018
Este trabalho tem como temática leitura e linguagem, numa perspectiva da História Cultural. O percurso metodológico consiste em, utilizando textos selecionados previamente pela pesquisadora, propor sessões de leitura e laboratórios de criação a um conjunto de cinco colaboradores e investigar: Que sentidos são produzidos? O que e como cada um dos participantes traz de si, de suas histórias e memórias, inscritas na prática de leitura? Como essas lembranças são amalgamadas aos textos lidos no momento da prática da leitura? Tendo cada um sua história peculiar/ própria, diferentes corpos e experiências - no sentido atribuído por Larrosa Bondía (2002) à palavra experiência ¿, suas respostas ao texto são únicas, mas também compartilhadas, pois os colaboradores fazem parte de uma mesma comunidade de leitores, artistas, envolvidos com dança, que foram convidados por afinidades de trabalho e de pesquisas. Sentidos são produzidos, entre memórias, sensações, imagens, na tensão estabelecida entre os leitores e os textos (CHARTIER, 1988), reverberados no corpo, como prática de leitura. Ainda que únicas e autorais, as respostas aos textos lidos são produzidas na tensão entre o ?aprendido? culturalmente e as condições peculiares em que elas ocorrem e se enraizam. Os referenciais teóricos desta pesquisa advêm principalmente de Michel de Certeau (1995; 1998) no que tange à produção de sentidos pelos sujeitos, Roger Chartie (1996; 1998) em relação às práticas de leitura, suportes de textos e representações e Larrosa Bondia (2002) e Walter Benjamin (1994), quanto ao conceito de experiência.

Palavras-chave: Leitores. Prática de leitura. Experiência. Corpo.


Os espaços de leitura nas páginas do Congresso de Leitura do Brasil - COLE (1978-1993)

Dissertação
Autor: Larissa de Souza Oliveira
Orientador: Lilian Lopes Martin da Silva
Ano da Defesa: 2018
Esta investigação se insere no projeto maior de pesquisa "ALB: memórias", do grupo ALLE/AULA (Alfabetização, Leitura e Escrita e Trabalho Docente na Formação Inicial) da FE/Unicamp (Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas). Seu objetivo é estudar o tema espaços de leitura no âmbito dos Congressos de Leitura do Brasil (COLE) ao longo de 15 anos, em um período que recobre as nove primeiras edições do congresso (1978-1993). A fonte documental desta pesquisa se constitui dos suportes nos quais se inserem textos referentes à programação oficial dos congressos: cadernos de Resumos (1º, 2º e 3º COLEs) e Anais (4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º COLEs). A partir do estudo desses impressos, que carregam um estado do conhecimento e uma memória sobre o COLE, principal ação da Associação de Leitura do Brasil (ALB), selecionamos textos que, de alguma maneira, discutem ou mencionam a noção de espaços em que se pratica a leitura. Nossa problematização deste conjunto de textos apoia-se no conceito de representação, de Roger Chartier (2002; 2009). Buscamos levantar representações desses espaços de leitura, levando em conta a "configuração composicional" (FERREIRA, 2017) que carregam os textos de um congresso pioneiro na discussão sobre a Leitura no Brasil. Essa discussão se insere em pesquisas que se preocupam com uma história da leitura no país.

Palavras-chave: Congresso de Leitura do Brasil; Associação de Leitura do Brasil; Espaços de Leitura; Memória; História.


Um estudo sobre a produção literária infantojuvenil do escritor brasileiro Elias José (1936 - 2008) : Uma trajetória constituída por muitas obras

Dissertação
Autor: Ana Cristina Ayres Motta
Orientador: Cláudia Beatriz de Castro Nascimento Ometto
Data da Defesa: 29/11/2017
Esta pesquisa tem como objetivo apresentar o escritor brasileiro Elias José, inventariar sua produção literária e situá-la no contexto histórico de produção do livro infantil no Brasil. O corpus da pesquisa é formado por cento e setenta e oito livros produzidos para o público infantojuvenil e adulto. Fazem parte do inventário as obras paradidáticas, as organizadas pelo escritor e aquelas em que ele participou com algum poema ou conto. O estudo desenvolve-se em duas direções: a primeira, que se propõe a apresentar a biografia de Elias José e inventariar a sua produção literária, utiliza-se da coleta de documentos sobre o escritor e do levantamento de dados sobre suas obras, como o título, a data de lançamento, a editora, o ilustrador, a categoria, se escrita em prosa ou em verso e o leitor, se adulto ou infantojuvenil, buscando conhecer a produção como um todo. E a segunda, após a separação das obras infantojuvenis, seleciona algumas destas para apresentar uma interlocução com as instâncias de legitimação do livro infantil no Brasil, a saber, o PNBE e a FNLIJ e também com a LDB e PCN, documentos oficiais que norteiam o trabalho pedagógico no país, no intuito de apresentar as contribuições dessa produção no âmbito da literatura infantojuvenil e escolar. A pesquisa fundamenta-se nos referenciais teóricos da História Cultural, trazidos por Roger Chartier em relação às representações de leitor e leitura sugeridos nas obras; na perspectiva Enunciativo-Discursiva de Bakhtin, acerca na natureza social do signo e da enunciação e, na proposição teórico metodológica de Vigotski, sobre o desenvolvimento da mente humana, centrada no contexto Histórico-Cultural. Para situar as obras de Elias José no contexto histórico da literatura infantil e escolar, foram trazidos os estudos de Lajolo e Zilberman, Coelho, Arroyo e Saviani. Esta pesquisa buscou reunir algumas formulações enquanto recortes desses autores supracitados e, por meio de articulações interdiscursivas foi possível pressupor as representações de leitor e de leitura implícitas na materialidade de algumas obras analisadas, bem como as contribuições do escritor no âmbito da literatura infantil e escolar. Considerando que o livro é um material impresso que dá visibilidade a modelos culturais de usos que circulam numa determinada época, o presente estudo, ao inventariar a produção literária de Elias José, situá-la no contexto histórico educacional e da produção de livro infantil, dá visibilidade às tendências de um momento histórico da literatura infantil e escolar assim como a modelos de usos e circulação do livro de uma determinada época, contribuindo e reforçando com as pesquisas já existentes nessa área.

Palavras-chave: José, Elias, 1936-. Instâncias de legitimação. Literatura infantojuvenil.